domingo, 18 de abril de 2010

O grito- Martha Medeiros

Não sei o que está acontecendo comigo, digo à minha psicóloga.
Eu sei.
Não sei se gosto mesmo da minha namorada, digo à uma amigo meu.
Eu sei.
Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.
Sabemos, sim.
Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar esse grito com conversas tolas, elucubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe em nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade se impõe, fala mais alto que nós, ela grita.
Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar esse amor para outro amor, um amor aceitável, fácil, sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não amamos uma pessoa e amamos outra, mas sabemos, lá dentro, quem é que está no controle.
A verdade grita. Provoca febre, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair, outras a gente aprisiona e finge esquecer. Mas há uma verdade única : ninguém tem dúvida sobre si mesmo.
Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro, aquelas vozes que dizem: vá por este caminho, se preferir, mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual todinho, faz tudo como o esperado, e é feliz, puxa, como é feliz.

E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz, queria viver!
Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto.
Sabe.
Eu não sei por que sou assim.
Sabe.






(texto de martha medeiros com adaptações)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

¡ Sí, claro! ¡ Raras; únicas y mucho mejor que otras tantas que se veen en los museos!

De início, quero pedir perdão pela minha falta de palavra. É que tenho estudado muito, e me faltado tempo para "bloguear".
Pois sim, o título da postagem de hoje veio que meio...do espaço! (Risos). Eu assistia ao meu curso de Español quando uma das personagens pedia uma opinião de sua obra artística à outra. Logo, ela respondeu:
¡ Sí, claro! ¡ Raras; únicas y mucho mejor que otras tantas que se veen en los museos!
Levei aquela frase a vários âmbitos sociais ... (quando falo sociais, falo de minha vida cotidiana)
Quantas vezes a vida passa desapercebida por nós! Quantas vezes somos incapazes de analisar com um olhar menos ferino, que pudesse ser menos cheio de "eu sei.. já conhecia..."! Falta-nos humildade. O pior de tudo é que a sociedade nos induz a esse fracasso pessoal, profissional e espiritual. Um exemplo disso é a minha escola. Estudo em um dos melhores colégios particulares da região, senão o melhor, e certa vez um professor soltou:
Interessem-se pelos estudos! Se seus pais pagam, e vocês estão aqui, é pq querem que sejam a elite da futura sociedade. O topo da pirâmide. O mais alto grau de cultura e desenvolvimento.
Fiquei muito mal com isso. Não que não queira obter uma boa condição social, mas fiquei pensando nas pessoas que não tem a mesma condição social que eu. As inteligentes, que por estudarem em escolas públicas, pelo menos a um nível BrasilREAL sabem que seus livros serão cortados para o governo gastar menos, e com isso, suas oportunidades de conhecimento serão minimizadas. E por eu saber que minha missão é manter uma sociedade capitalista. "Uma terra de gigantes, onde trocam vidas por diamantes", como já dizia a canção.
Satisfaço-me, se for do meu futuro ser a elite social. É bom. Mas não satisfaço-me em permanecer de mãos atadas, em convir que vida de pessoas, tão PESSOA como eu, entrem no degredo por falta de saúde, de educação, e de muitas outras coisas. Não que eu, sozinho, possa mudar o mundo. Mas que as minhas palavras possam portar a Paz, a saída, o consolo. Porque isso?

Porque eu ainda, feliz ou infelizmente, acredito nas pessoas. Porque no mais profundo oceano ainda existem pérolas., assim como existem pessoas que me fazem acreditar que a minha humanidade pode ser estranha, única, e muito melhor que outras tantas que se veem nos museus.

Essa é pra você Fran.



O que é a verdade?

Nesta sexta algo mexeu dentro do meu ego, ser pensante, eu-lírico e tantas outras manisfestações de nome egocêntrico.
A sexta-feira santa para os católicos, que, por serem maioria no Brasil, tornam os 3 dias antecedentes da páscoa feriados nacionais. Hoje, ao reler os momentos bíblicos nos quais Jesus é condenado, crucificado e morto, teve uma parte que me chamou muita atenção.Ei-la aqui:

[..]Pilatos- Tu és o rei dos Judeus?
Jesus- Estás dizendo isso por ti mesmo ou outros te disseram isso de mim?
Pilatos-Por acaso eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?
Jesus- O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse desse mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui.
Pilatos- Então tu és rei?
Jesus: - Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.
Pilatos- O que é a verdade?[...]"


Segundo Mateus, Jesus nada respondeu . Deve sim, existir algum outro versículo de explicação para isto, eu é que não quis ir atrás dela. Ora, o que é a verdade?

Por introjecção ideológica, nasci católico. Não me reclamo, tenho afeição por minha igreja, e consciência de que o homem é um ser religioso, ou seja, ele necessita de um ser superior pra denotar a sua existência. Segundo Marx, é impossível julgar a sociedade sem dar o seu(em termos mais simples) "pitaco ideológico", e disto , a meu ver, ele está certíssimo. Mas eu, graças à instruções de sociologia, ou até mesmo conhecimentos dados por Deus, consigo analisar as coisas, meio que...elevando a minha mente (ô humildade...), tentando deixar ela limpa pra receber qualquer tipo de informação, depois de recebê-la e entender o ponto de vista ideológico do criador ou seguidor da ideia, é que venho a criticá-la.

Então, me perguntei, assim como Pilatos: O que é a verdade? Nem preciso me dar o trabalho de pensar em demasia, posto que essa pergunta vem sendo feita dês os tempos de Sócrates, com o início de sua filosofia e o término das loucuras cosmogônicas. O que é a verdade? O que é a verdade?!!

Pois sim, o que você tem a dizer sobre a verdade?

Tenho para mim, que se Jesus não respondeu, é porque sabia o que ocorreria no futuro, e sabia também que todas as "verdades" (religiões ideológicas), quando realmente vividas , sempre produzem o amor. E esse é o essencial. As pessoas não compreendem, que se Sidarta iluminou-se, se Cristo Ressuscitou, se Maomé fez o que fez e outros tantos, SEMPRE almejaram o amor como alvo último . Os meios para chegar até ele é que são falhos. E só são falhos pq são feitos pelos homens. E justamente por serem humanos são divinos.



Desculpem-me de já se posso mostrar alguma opinião contrária a de vocês, mas o Blog tem a intenção de registrar o que sente o blogueiro. Até porque a liberdade é mérito de quem pensa....