quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Luto. Ao pobre mendigo que morre queimado.

Neste blog, cheguei a comentar variadas vezes que “chegamos a um ponto de quebra”. Que a sociedade precisa melhorar, que nossa voz não pode calar-se, e coisa e tal, e tal e coisa.
Sinceramente, estou desacreditado das mudanças. Estou desacreditado da política. Estou desacreditado da democracia do Brasil.
Perdoe o pessimismo, é que não aceito mais ser escancaradamente enganado. Não aceito mais ser roubado cotidianamente, da vergonha ao bolso. Não aguento mais o discurso democrático-imbecil num país “sem pobreza”, que grita de dor e fome. Não aguento mais dizerem na minha cara que não tem dinheiro pra saúde, mas tem pra comprar ilha pra filho de político. Não aguento mais dizer que falta dinheiro pra educação mas não falta pro novo carro do juninho.
 E o que mais me revolta: minha revolta não tem voz, não tem vez. Não há abaixo-assinado, não há manifestação, não há marcha: os poderosos atingiram um grau que julgam inatingível na esfera social, julgam estar acima do poder, acima da justiça.  Verdadeiramente estão?
O que é a justiça? A arte de favorecer os poderosos? A arte de, com um português requintado e elaboradíssimo, dar aos pobres sonhadores a ilusão de serem “iguais perante a lei”?
Sinceramente, não me pergunto mais “a que ponto chegamos.” Não há mais vértices  a serem ultrapassados no quesito imbecilidade. Mártires da terra se fazem no Pará, cotidianamente. A olhos vistos. Nada fazemos. Nada podemos fazer. Estamos acostumados com essa realidade. Afinal, “quem é o louco de se meter pro Pará?” “Os homi são poderoso demais pra lá”. Não quero (até porque me criaram a consciência de que não poderei) mudar o mundo, mas só não gostaria mais de ser enganado exacerbadamente de que posso. Não aceito mais essa ilusão infame de que “meu voto muda tudo”, de que o envolvimento nas causas sociais amenizam os conflitos. Ah, paciência! Quem se mete morre. Quem pede socorro, quem grita pelo irmão, pelo próximo, toma tiro na testa e fica de exemplo pra que ninguém, absolutamente ninguém, se meta a besta de querer ser revolucionário.
O problema não é de hoje. A disputa pelo poder sempre teve conflitos pesadíssimos. Mas pelo menos, em tempos de outrora, não se mentia à população que ela podia. Era: “O poder é de um, e com este deve permanecer.” Que digam isso a nós! Que não nos mintam com a ideia de que com a cordialidade dos três poderes resolvem tudo num país de cordialidade corrupta. Um país onde deputados palhaços nem ler sabem, e muito dos que sabem mereciam ser analfabetos; onde parte do judiciário mancha a justiça pela sede de dinheiro. Um país onde a expansão dos interesses dos grandes pode (e deve) sobrepor-se integralmente ao interesse dos pequenos, e aceite isso como realidade, como uma fatalidade da vida, da sociedade. Afinal, sempre foi assim, é assim, e sempre será.
Só não me peçam pra assistir mais campanhas políticas de um Brasil que cresce justo e igualitário. Não me peçam mais um voto se a única causa que vocês se comprometem é o dinheiro.
Triste fim esse o nosso, onde militantes de causas sociais se entregam ao poder dos coronéis, onde mendigos morrem queimados(QUEIMADOS) por cidadãos imbecis. Pobre Galdino! Pobres irmãos que, além de segregados pelo sistema, ainda são brutalmente assassinados sem justificativa, sem terem levantado o braço, a voz. Não há sensatez num país onde tais cenas ocorrem. Peço-vos, não me tentem enganar mais. Tenho tanta indignação em mim que não consigo nem bem me expressar, pois meu brado é quase choro. Tento reprimir essa voz, mas não consigo. Não aceito viver no império do fútil, do inútil, do que sabe, mas que prefere viver à mercê da ignorância pra sobreviver.
Mas não esqueçam : aos bons, honestidade ainda é princípio.